A UNIASSELVI promoveu, na noite de 22 de outubro, uma conversa a respeito da inclusão na Educação Básica e no Ensino Superior, especialmente no que se refere ao Transtorno do Espectro Autista.
O evento aconteceu no auditório da Unidade Presencial da UNIASSELVI em Timbó/SC.
Professores da educação básica dos municípios da região, secretários de educação, prefeito, promotor de justiça, tutores e alunos da UNIASSELVI, além de pais de autistas, lotaram o espaço. O Reitor da UNIASSELVI, Prof. Herminio Kloch se fez presente acompanhando todo o evento. Na sua mensagem de boas-vindas, destacou que “a UNIASSELVI é inclusiva na sua essência”.
Profa. Neuzi , Gerente de Capacitação e Formação Continuada da UNIASSELVI lembrou que “a inclusão é fundamental para a pessoa com deficiência ou transtorno, mas, especialmente, a inclusão é, acima de tudo, a oportunidade de todos se tornarem pessoas melhores na convivência com aqueles e aquelas que são denominadas de especiais”.
Para promover esta conversa, a UNIASSELVI convidou o Grupo de Apoio Educacional Autismos.
O Grupo de Apoio Educacional Autismos foi criado em 01 de setembro de 2017 com o objetivo de promover parcerias com as escolas municipais e particulares para sensibilização e conscientização do TEA nas formações continuadas dos professores e profissionais de educação para adequada orientação e convivência com os alunos. Desta forma tem atuado com profissionais da educação e com pais através de palestras, cursos e Seminário realizado no mês de abril na cidade de Blumenau que contou com 1100 participantes. Para 2019 já tem agendada com o Setor de Capacitação e Formação Continuada da UNIASSELVI a gravação de formação para 2500 tutores presenciais dos 362 Polos de Apoio Presencial da Uniasselvi distribuídos em todos os estados da federação.
O grupo é formado por profissionais de diferentes áreas, todos voluntários.
Presidenta: Juliana Lanser Mayer.
Vice-presidenta: Fernanda Marins.
Gestora Pedagógica/operacional: Dra Juliana Uggioni-Graça.
Além das voluntárias: Juliane Santa Maria – Adriana Ferreira – Larissa Sieves
A programação da noite constou de:
Palestra: Meu filho é autista. E agora?
Palestrante – Juliana Lanser Mayer – Presidenta do grupo de apoio autismoS, integrante do Autimates Brasil Vip, Roda de Conversa e Encontro TEA; graduanda em Pedagogia/Educação Especial.
Palestra: Meu aluno é autista, e agora?
Palestrante – Tatiana Cristine Schmidt Silva – Pedagoga em Educação Especial; especialista em surdez; pós-graduada em Educação Inclusiva e em Neuropsicopedagogia Clínica; sócia-proprietária da Clínica Espaço do Saber; intérprete em Língua de Sinais –LIBRAS ( MEC); professora de pós-graduação em Educação Especial Inclusiva e Neuroinclusão da Uniasselvi.
Depoimentos:
Giovani de Oliveira Ferreira e João Vitor Silva Ferreira
Giovani – Pedagogo e graduado em Judô; pós-graduando em Neuropsicopedagogia (Uniasselvi). Coordenador do Paradesporto da Federação Catarinense de Judô; técnico da seleção brasileira de judô de DI (deficientes intelectuais).
João Vitor – Atleta da Seleção Brasileira de Judô e graduando de Fisioterapia Uniasselvi/Blumenau.
As reflexões e informações que circularam proporcionaram o aperfeiçoamento das práticas inclusivas nas escolas da Rede Municipal, Estadual e Particular da região, assim como na UNIASSELVI. Ocorreu também relato de experiência de uma professora da Educação Básica, afinal, além das informações e dos referencias teóricos, precisamos de experiências exitosas para construir mais um capítulo na história da inclusão atitudinal e pedagógica de todos os alunos quer seja na Educação Básica, quer seja no Ensino Superior.
https://portal.uniasselvi.com.br/noticias/geral/uniasselvi-promove-evento-sobre-autismo-em-timbo
Depoimento da Dra. Maria Inês Queiroga, médica reumatologista, mãe de Lívia Queiroga e Guilherme Queiroga 18 anos, integrante da seleção brasileira de Judô para todos,portador de Síndrome de Down. Residem no Rio de Janeiro.
Hoje convidamos o professor, psicopedagogo, doutor em educação Eugênio Cunha para falar sobre afetividade e autismo. Ele é autor dos livros “Afetividade na prática pedagógica”, “Afeto e aprendizagem” “Autismo e inclusão”, “Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade” e “Autismo na escola: um jeito diferente de aprender, um jeito diferente de ensinar”, publicados pela WAK Editora. Confira o artigo abaixo e não esqueça de seguir nossas redes sociais para ficar por dentro de tudo que acontece por aqui.
AFETIVIDADE E AUTISMO
Apesar de não existir uma receita pronta para lidar com o autismo em sala de aula, há aspectos básicos na aprendizagem humana – comuns a todos nós – que podem servir de mediadores da aprendizagem, dentre eles a afetividade. O afeto não é nenhuma nova teoria pedagógica, nem a mais nova descoberta científica para dar-nos melhor qualidade de vida. Trata-se de algo que acompanha o homem desde o nascimento da sua história. É um instrumento pedagógico que precede ao uso do giz e da lousa, todavia, não se tornou anacrônico. Ele é científico: ao consumar o afeto, o cérebro recompensa o corpo por meio da liberação de impulsos químicos que trazem a sensação de prazer e de alegria. Ser afetivo não é ser adocicado. Ser afetivo é utilizar o campo emocional como um eficaz e real instrumento pedagógico, mediando a aprendizagem, trabalhando a memória e a cognição. Em termos práticos, é trazer para o exercício pedagógico o interesse e o amor dos atores da escola. Um aluno que ama aprender aprende melhor; um professor que ama ensinar ensina melhor.
Porém, não podemos nos iludir achando que basta amar para ser bom professor. Antes, se eu amo, eu estudo, eu pesquiso, eu trabalho e, desta forma, adquiro um olhar sensível e instrumentalizado, essencial ao exercício docente. A carga de amorosidade que está em mim me faz ser um aprendiz do saber para exercer com equidade o meu ofício. A carga de amor que está em mim me faz interessado e responsável em descobrir alternativas nos processos de ensino e aprendizagem. Igualmente, a carga afetiva do aluno o faz irromper a lugares ainda desconhecidos de aprendizagem e saber.
Se não podemos ser afetivos sem adquirir os predicados necessários ao exercício docente, tampouco podemos exercer a prática pedagógica sem os atributos do amor, principalmente quando falamos da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais.
Podemos dizer que o afeto possui três dimensões: a pessoal, que desenvolve a autoestima do professor e do aluno, revelando as raízes da motivação e do interesse; a social, estabelecendo as relações com aqueles que estão no campo escolar e que podem tornar o ambiente instigante para a aprendizagem; a pedagógica, que estimula os vínculos do aluno e do professor com o objeto de estudo, produzindo a afinidade com o processo de ensino e aprendizagem, na troca de saberes docentes e discentes, na cumplicidade de fazer o percurso tão prazeroso quanto a chegada.
Portanto, é necessário mergulhar nos afetos do aluno com autismo: descobrir seus interesses, desejos, sonhos possibilidades, dificuldades, enfim, conhecê-lo bem. O professor precisa descobrir quais habilidades ele já possui e quais precisa adquirir. Podem ser habilidades sociais ou acadêmicas. Sempre priorizando a comunicação e a socialização. Decerto, não há metodologias ou técnicas salvadoras. Há, sim, a possibilidade de uma formação, considerando a função social e construtivista da escola.
A escola necessita aprender a lidar com a realidade do educando. Nessa relação, quem primeiro aprende é o professor e quem primeiro ensina é o aluno. Afinal, o aprendente com autismo não é um ser solitário compondo uma música que só ele ouve. Ele faz parte de uma orquestra, cujo maestro é o seu desejo, pois é para este que ele sempre olha. E o professor? O professor é o músico que dá vida ao ritmo que sustenta a música até o final.
Eugênio Cunha
Adriana Silva Ferreira: bacharela em Direito (Uniasselvi), graduanda em pedagogia (A.C.E); pós-graduanda em Direito de família (F.G.V) e em Neuropsicopedagogia (Uniasselvi). Integrante do Encontro TEA de Timbó. Mãe de Giovani, Pedro e João Vitor, autista, de 21 anos.
Estamos extremamente felizes com mais duas voluntárias ao grupo:
Adriana Silva Ferreira: bacharela em Direito (Uniasselvi), graduanda em pedagogia (A.C.E); pós-graduanda em Direito de família (F.G.V) e em Neuropsicopedagogia (Uniasselvi). Integrante do Encontro TEA de Timbó.
Larissa Nogueira Sieves: bacharela em música (UFPel/RS), especialização em musicalização infantil (UFPel-RS), graduanda em Pedagogia (FMU/SC) e pós-graduanda em Neuropsicopedagogia (Uniasselvi).
Adri e Lari, bem-vindas! Elas vieram para somar forças, multiplicar informações e dividir um sonho: inclusão.
Uma das muitas reflexões que o grupo faz é sobre a diferença entre simpatizar, engajar ou militar uma causa.
Primeiramente, ficamos felizes por conseguirmos levar informações por meio de depoimentos de autistas e suas famílias e de palestras com profissionais atuantes na área, ou seja, que mais pessoas simpatizam pela causa. Após, buscamos o engajamento dessas pessoas para contribuírem com suas potencialidades e vivências para conscientizarmos o maior número de pessoas possível sobre o tão amplo e diverso espectro. E, por fim, desejamos e acreditamos que essas mesmas pessoas tornam-se militantes dessa causa que se empoderem como agentes transformadores educacionais e sociais. Desse modo, todos só temos a ganhar com uma sociedade com cidadãos inclusivos e incluídos.
Grupo de Apoio Educacional autismoS
Olá, Pessoal…
A Fátima de Kwant, nossa parceira e colaboradora de conteúdos, nos enviou mais uma texto: “DEFICIÊNCIA, DIFERENÇA E INCLUSÃO”.
Você sabe qual o conceito e as diferenças entre essas palavras? E por que elas podem fazer diferença na vida de tantas pessoas?
Aproveite esse momento de leitura e reflexão, mas não esqueça de curtir e compartilhar os conteúdos de nossas redes sociais, afinal: “Inclusão é Informação”.
DEFICIÊNCIA, DIFERENÇA E INCLUSÃO – Um ato de justiça e igualdade!
Imaginem um mundo onde todos tivessem uma diferença; algumas delas visíveis, outras não. Imaginem que este mundo seja o nosso, somente não nos tenhamos dado conta. Ou pior, damo-nos conta das diferenças óbvias e não daquelas que todos nós, seres humanos possuímos.
Somos todos diferentes e, de algum modo, deficientes. Deficientes sensoriais, físicos, mentais, emocionais, sociais e até espirituais – o único tipo ruim de todas as deficiências.
A deficiência caracteriza-se conforme o conceito de perfeição que pessoas não deficientes insistem em manter. Quando fala-se em deficiência, pensa-se em limitações, raramente em habilidades. Esse pensamento errôneo foi, infelizmente, adotado pela sociedade, tornando o portador de tal limitação um pária. Como se não bastasse a falsa percepção do que uma deficiência compreende, a pessoa com deficiência pode sofrer dessa imagem que o mundo a seu redor mantêm sobre ele. Afinal, uma pessoa deficiente aprende, desde a mais tenra idade, que não é perfeita, não é normal, portanto não tem valor. Precisamos mudar este jeito de pensar. Precisamos não somente aumentar a autoestima das crianças diferentes, como ensiná-las (e ao mundo) que elas têm muito a contribuir. Crianças, adolescentes e adultos com o que é considerado deficiência, seja esta física ou mental, são cidadãos aptos a colaborarem muito com a comunidade onde vivem, estudam ou trabalham. Não é possível que uma única limitação possa superar um número incontável de várias habilidades! Pois é o que todo cidadão deficiente geralmente possui: um leque de (outras) possibilidades.
Todos os deficientes (e suas respectivas famílias) sabem que poderiam contribuir com a sociedade. Devemos então perguntar o que esta (a sociedade) pode fazer para promover tal contribuição. Neste sentido é preciso que abandonemos a
maneira tradicional de pensar, e reciclemos nossa concepção do que é justiça e igualdade – dois dos pilares de uma país desenvolvido.
Justiça significa respeito à igualdade de todos os cidadãos. Igualdade é um princípio segundo o qual todos os cidadãos têm capacidade para os mesmos direitos. Dois conceitos muito utilizados – principalmente na política – mas pouquíssimo executados, em geral. É justo que um cidadão, em pleno domínio de sua capacidade mental, seja preterido por ser cadeirante, por exemplo? Não somente é injusto quanto vai de encontro ao que entendemos por um sistema igualitário.
Uma nação desenvolvida é uma nação que protege todos seus cidadãos, sem distinção. Tenha este um handicap ou não, e independente de sua raça, religião e natureza sexual, todo cidadão deve receber o mesmo cuidado e respeito do seu governo, do município onde reside, da empresa onde trabalha, da escola em que estuda e da comunidade que frequenta. Porque todo cidadão tem algo a oferecer. A sociedade brasileira ainda carece de meios a fim de criar um ambiente que favoreça os deficientes, mas isso tem solução e não é utopia.
O planejamento da sociedade a fim de propiciar tais condições favoráveis, deve contar com três etapas fundamentais:
1- Conscientização: conhecimento sobre a deficiência, as limitações habilidades individuais de cada uma.
2- Intenção: o desejo de criar ambientes (escolas, empresas, adaptação de estabelecimentos de estudo, trabalho, locais públicos e o preparo de profissionais que viabilizem a participação da pessoa deficiente em ambientes públicos).
3- Realização: criação de leis que protejam os direitos do deficiente e a introdução de uma Secretaria Nacional do Deficiente, cuja tarefa seria a execução (controle) do cumprimento de tais leis, a concretização de projetos que viessem a beneficiar o deficiente, o estímulo às empresas com vistas à contratação de deficientes pelas mesmas,
além do incentivo destas na introdução da prestação de serviço desde o lar – uma estrutura de sucesso comprovado já em muitos países europeus.
Hipoteticamente, poderíamos ir mais além e discutir a ideia da criação de um partido político que se incumbisse, estritamente, da proteção e vigília dos direitos (humanos) das pessoas com uma forma de deficiência – ou do que é considerado, oficialmente, uma deficiência física ou mental.
Considerando-se que, atualmente, por volta de 45,6 milhões de cidadãos brasileiros possuem uma incapacitação, não é absurdo que esse segmento seja legitimado com o surgimento de um partido que cuide de seus interesses e necessidades.
Antes de considerarmos algo impossível de ser realizado, falemos sobre o assunto, pois tudo que é falado, passa a existir.
Que sejam realizadas pesquisas, com o propósito de entender o que os deficientes (ou seus representantes legais) esperam da sociedade; que estes sejam ouvidos ou lidos; que seja respeitada sua vontade, alcançados seus objetivos e respeitados seus direitos.
A inclusão dos deficientes é algo inédito e tudo o que é novo pode dar medo. O receio de que não vá dar certo, que o novo empreendimento acarrete em muito trabalho e poucas compensações, faz com que a haja resquícios na contratação de um deficiente no ambiente de trabalho ou na matrícula de uma criança ou adolescente com algum tipo de deficiência numa instituição educacional. Na verdade, são poucas as adaptações diante das inúmeras vantagens que tal processo de inclusão vá ocasionar.
Uma sociedade que inclui o ser humano diferente, é uma sociedade progressiva. Incluir todo e qualquer cidadão, sabendo usar bem seus talentos individuais, exige
alguma criatividade, investimento e adaptação, mas atesta a grandeza de um país e de seus governadores; coloca em prática os desígnios humanitários das escrituras de toda e qualquer religião; enriquece o espírito de união, fraternidade e igualdade entre os filhos de uma mesma nação; inspira toda uma comunidade a dar e ser seu melhor.
Lutemos pelo que é justo.
A inclusão é um ato de justiça.
Lutemos pela Inclusão.
Link consultado: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/94/cd_2010_religiao_deficiencia.pdf
Fatima de Kwant
Jornalista
Especialista em Autismo & Desenvolvimento e Autismo & Comunicação
Ativista Internacional pela Autismo www.autimates.com www.facebook.com/AutimatesBrasil